terça-feira, 15 de maio de 2012

ESTRUTURAL-FUNCIONALISMO: INSTITUIÇÃO, FUNÇÃO E ESTRUTURA SOB O OLHAR DE RADCLIFE-BROWN



                    Numa época onde o Evolucionismo e em seguida o Difusionismo eram muito bem aceitos, Radcliffe-Brown afastou-se de sua orientação difusionista, e veio a ser um crítico duro daquilo que denominou de "história conjetural" dos evolucionistas, cujo método consistia na abordagem dos costumes dos povos tomando como base simplesmente o passado sem considerar análises diretas no presente.
Brown acreditava que esse caráter historicista do método evolucionista era incapaz de possibilitar uma compreensão significativa da cultura humana, uma vez que os arranjos contemporâneos existiam porque eram funcionais no presente e não por que eram simplesmente “sobreviventes” do passado. Tanto para Brown, como para Malinowski, interessava o estudo do presente, e não havia espaço para especulações sobre "sociedades primitivas" sob o ponto de vista da evolução com o tempo.
           Radcliffe-Brown fundou uma abordagem teórica conhecida como estrutural-funcionalismo, onde cada sociedade em estudo é considerada em sua totalidade, como um organismo cujas partes cooperam umas com as outras segundo certa ordem social. Fortemente influenciado por Durkheim, Brown preocupava-se com a descoberta de princípios comuns entre as diversas estruturas sociais, o significado dos rituais e mitos e suas funções exercidas na manutenção da sociedade, considerando que esse sistema incorpora a sociedade pela convergência dos interesses e sentimentos, sendo necessário saber como se ordenam e limitam-se os conflitos que são sempre possíveis resultantes das divergências.
                 Incorporando definitivamente a sociologia durkheimiana à sua maneira de pensar a Antropologia, Radcliffe-Brown utiliza-se de dois conceitos básicos: significado e função social. Para Brown, ao tentar compreender um determinado ritual é necessário, inicialmente, encontrar seu significado, isto é, os sentimentos que ele expressa e as razões que os nativos apontam, para em seguida identificar sua função social, ou seja, a contribuição que tal fenômeno provê a um sistema maior do que aquele ao qual o fenômeno faz parte assegurando a coesão social necessária para a existência do grupo.
              Para Radcliffe-Brown, a atuação dos indivíduos é regulada de acordo com as necessidades da sociedade; tal mobilização é gerada através de sentimentos, que são desenvolvidos e expressos no indivíduo pela ação da sociedade sobre eles. Assim, a sociedade se mantem coesa por força de uma estrutura de normas morais que regulam o comportamento independente dos indivíduos que as reproduzem. Estas normas e regras atuam então como uma espécie de “consciência coletiva”. Desse modo, pode-se dizer que, para Brown, o indivíduo submete-se aos propósitos da sociedade e é o seu produto, ou seja, os indivíduos são apenas a expressão da estrutura social. Aí se encontra a grande diferença que o separa de Malinowski, apesar de compartilharem princípios funcionalistas, por assim dizer. Enquanto Brown considera os princípios da estrutura social e os mecanismos de integração social algo mais revelante, Malinowski detêm-se nas motivações humanas e define a função dos elementos culturais segundo as necessidades biológicas do indivíduo.

Bibliografia.

Thomas Ford Hoult, Dicionário de Sociologia Moderna, p. 139. 1969.
R. Radcliffe-Brown, em Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento, [1950].
ERIKSEN, Thomas .H. & Nielsen, Finn S. História da Antropologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007
LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. [1988]

FONTES TEORICAS DE MALINOWSKI


Malinowski é considerado um dos quatro pais fundadores da Antropologia, por isso suas fontes teóricas serem tão reduzidas. Ele estudou o que estava disponível na sua época e criou um modo novo de olhar para as comunidades primitivas. Alguns estudiosos podem ser considerados como fonte teórica de Malinowski, eis aqui alguns trechos que mostram essas fontes teóricas e o contexto histórico no qual ele(Malinowski) estava inserido:
Na Inglaterra, a antropologia seria remodelada em antropologia social nos anos entre as duas grandes guerras – uma disciplina comparativa, de base sociológica, com conceitos nucleares como estrutura social, normas estatutos e interação social.”( Eriksen e Nilsen, 2010: 52)
Malinowski havia se doutorado em física e filosofia alguns anos antes em Cracóvia, arte do império Austro-húngaro (agora pertencente a Polônia). Em Leipzig ele havia estudado psicologia e economia, e por influência do psicólogo social Wilhelm Wundt (1832-1920) ele se convencera de que a sociedade devia ser entendida holisticamente, como uma unidade constituída de partes entrelaçadas, e que a analise devia ser sincrônica (não histórica).”( Eriksen e Nilsen, 2010: 55)
Todas as práticas e instituições sociais eram funcionais no sentido de que se ajustavam num todo operante, ajudando a mantê-lo. Diferentemente de outros funcionalistas que seguiam Durkheim, porem, para Malinowski o objetivo último do sistema eram os indivíduos, não a sociedade.” ( Eriksen e Nilsen, 2010: 57)
Frazer, em 1910 definira a Antropologia Social como um ramo da Sociologia que se ocupa dos povos primitivos.” (Kuper, 1978: 13)
Sir James Frazer prefaciou o livro de Malinowski – Argonautas do Pacífico Ocidental. No início Malinowski se interessou pela antropologia devido as descrições de Frazer dos povos primitivos. Depois ele iria constatar que a evolução que Frazer tanto pregava não condizia com a realidade encontrada por ele nas tribos primitivas estudadas.
A Etnologia incluía o estudo comparativo e a classificação de povos, baseada nas condições da cultura material, linguagem instituições, ideias religiosas e sociais, em contraste com os caracteres físicos.” (Kuper, 1978: 13)
A influência do meio ambiente sobre as instituições culturais e a raça é estudada pela Antropogeografia (Ratzel e outros).” (Kuper, 1978:14)
Malinowski revolucionou a antropologia com um método novo: a observação participante. Fazer entrevistas, ir até o local do objeto pesquisado não era algo novo, mas ir e observar, tentar colher diretamente da fonte e perceber como esses “imponderáveis da vida” acontecem, essa foi a grande contribuição de Malinowski.
ERIKSEN, Thomas Hylland; NILSEN, Finn Silvert. História da antropologia. Tradução de Euclides Luiz Calloni .4.ed. Petropólis, RJ : Vozes, 2010.p.49-68

KUPER, Adam. Antropólogos e Antropologia. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, F. Alves, 1978.p. 11-48.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

FICHAMENTO RADCLIFFE BROWN

Radcliffe – Brown, por sua vez, introduziu a disciplina teórica da sociologia francesa e veio em ajuda dos novos pesquisadores de campo com uma bateria mais rigorosa de conceitos.” (pág. 51).

Na verdade, ele também era um homem de extremos, obcecado pela sua mensagem; tal como Malinowski, era um egomaníaco e um dogmático.”
Radcliffe – Brown sofreu a influencia das teorias sociológicas de Durkheim antes da I Guerra Mundial, e os anos produtivos de sua carreira foram dedicados à aplicação dessa teoria às descobertas dos etnógrafos; uma atividade que ele compartilhou durante a maior parte de sua vida com Mauss, sobrinho de Durkheim.” (pag. 52).

O desejo de Brown era fazer os exames de ciências naturais em Cambridge, o seu diretor de estudos insistiu em que era preferível apresentar-se em ciências mentais e morais. Entre os seus professores estavam Myers e Rivers, ambos psicólogos médicos e veteranos da expedição aos estreitos de torres, o empreendimento pioneiro de Cambridge na área de pesquisa antropológica de campo. O curso abrangia psicologia e filosofia, incluindo a filosofia da ciência, que era lecionada em parte por Alfred North Whitehead. Em 1904, tornou-se o primeiro aluno de Rivers em antropologia.” (pag. 53)

Guiado por Rivers e Haddon, Brown realizou um estudo das ilhas Andaman em 1906-8. O seu relatório granjeou-lhe um fellowship no Trinity, que ele manteve de 1908 a 1914, embora durante esse período também desempenhasse funções docentes, por pouco tempo, na London school of economics. A sua monografia inicial sobre Andaman concentrou-se em problemas etnológicos e refletia as propensões difusionistas de Rivers. Entretanto, não tardou em converter-se à concepção durkheimiana da sociologia.” (pag. 53).

Em 1909-10, Brown proferiu uma serie de conferencias na L.S.E e em Cambridge, quais expos o ponto de vista essencialmente durkheimiano que iria manter pelo resto da vida.”
... ao voltar-se para Durkheim, ela fazia parte de um movimento bastante generalizado na Grã-Bretanha nessa época...” (pag. 54)

Ao mesmo tempo, é impossível avaliar o que a conversão oferecia: método cientifico, a convicção de que a vida social era ordenada de forma sistemática e suscetível de analise rigorosa, um certo desprendimento das paixões individuais, e um panache francês muito em voga.”

... a sociologia de Durkheim continua uma visão essencialmente otimista da possibilidade da auto realização do homem numa sociedade metodicamente ordenada; mas, ao mesmo tempo, o socialismo de Durkheim minimizava a “guerra de classes”, e isso talvez tivesse atraído também a Brown.”

Temos a sorte de possuir um retrato penetrante de Brown em seus anos em Cambridge. Ele fez amizade com um estudante um pouco mais moço do que ele, E.L. Grant Watson, que cursava ciências naturais mas se tornou depois romancista e uma espécie de místico. Watson acompanhou Brown em sua primeira expedição de campo australiana.” (pag. 54).

Não seria seguro, entretanto, basear quaisquer argumentos de importância para a sociologia somente na descrição acima do sistema andamanês de relações.” (pag. 58)

... método analítico; no que dizia respeito a pesquisa de campo, contentou-se em descrever o trabalho como um estudo de aprendizado, e apoiou-se maciçamente nos relatos etnográficos de um antigo residente das ilhas.” (pag. 58)

Mais tarde, foi convertido em ponto de vista durkheimiano de que o significado e a finalidade dfos costumes devem ser entendidos em seu contexto contemporâneo...” (pag.58)

Radcliffe – Brown dividiu os “costumes” em três tipos: técnicos, regras de comportamento e aquilo a que chamou “costumes cerimoniais”, nos quais concentrou sua atenção. Os costumes cerimoniais incluíam aquelas ações executivas executadas convencionalmente em ocasiões de mudanças no curso da vida social.” (pag. 58).

Apesar desse triunfo no campo, ficou uma vez mais evidente que o seu trabalho era etnografia “de levantamento e de aproveitamento de salvados”, e que era estéril em comparação com o tipo de trabalho de campo que Malinowski estava realizando nas Trobriand.” (pag. 60).

Para os que trabalhavam com ele nesse período, Radcliffe – Brown era o líder de um desafio há muito esperado a Malinowski, representando senso clareza e sociologia.” (pag. 64).

A sociologia de Durkheim foi a mais importante influencia sobre o pensamento maduro de Radcliffe – Brown, mas ele também permaneceu um evolucionista na tradição de Spencer.” (pag. 65)

A analogia orgânica não deve, é claro, ser interpretada de forma excessivamente literal. Como Radcliffe – Brown observou certa vez, “as sociedades não são organismos; não conhecem o que é parto nem morte.”” (pag. 65)

Apesar das menções iniciais a uma explicação “cultural” e “psicologica”, a sua orientação desde 1910 foi definitivamente psicológica. Para ele, a sociologia significava a espécie de trabalho realizado por Durkheim e , acrescentava as vezes, Steinmetz e Westermarck, mas era certamente a corrente geral de pesquisa e reportagem social que passava por sociologia nos Estados Unidos. Ignorava, segundo tudo leva a crer, a obra de Weber e Simmel, mas as teorias destes só se tornaram amplamente conhecidas na Grã- Bretanha na década de 19540.” (pag. 65).

E assim, depois da I Guerra Mundial, coube a Mauss e a Radcliffe – Brown trabalharem paralelamente para desenvolver a sociologia durkheimiana. Poderíamos resumir o desenvolvimento desde Durkheim ate Mauss e Radcliffe- Brown dizendo simplesmente que os estudos de Malinowski nas ilhas Trobriand se situaram de permeio. Curiosamente, eles influenciaram mais o trabalho de Mauss do que o de Radcliffe – Brown, e o próprio Malinowski não tardaria em afastar-se das preocupações e ideias de Durkheim.” (pag. 67)

Mas eu exagerei a unidade do legado de Durkheim, já que podemos distinguir, pelo menos, duas correntes divergentes, uma que foi seguida por Mauss enquanto Radcliffe- Brown adotava a outra. Em primeiro lugar, havia o estudo das relações sociais, a “morfologia social” exemplificada em de la division du travail social; em segundo lugar, o estudos de sociedades como sistemas morais, o ponto de vista que domina le suicide e les formes elementaires de la vie religieuse, e que levaria Durkheim e Mauss a prever muitos desenvolvimentos futuros em seu ensaio la classification primitive. Ambas as abordagens podem ser emcontradas na obra de Radcliffe- Brown dedicou-se mais ao estudo das relações sociais, enquanto que Mauss continuou desenvolvendo o estudo de noções cosmológicas.” (pag. 67).

A forma estrutural está explícita em “usos sociais”, ou normas sociais, os quais se reconhecem geralmente como obrigatórios e são largamente observados.Portanto, esses usos sociais têm características dos “fatos sociais” de Durkheim, mas Raddcliffe-Brown insistiu, uma vez mais em que não eram deduzidos mas observados.” (p.69)

Ao que parece, a meta consistia, frequentemente,em descobrir as características gerais da “área de cultura”, desvestir(por exemplo) a forma andamanesa típica de quaisquer variações locais, e, por vezes, Radcliffe-Brown parece reter método difusionista.” (p.70)

Em última instância, a coaptação requer a padronização de crenças e sentimentos, as quais se mantêm vivas através de rituais e símbolos. Mas essa área da vida social – correspondente ao “consciente coletivo” de Durkheim – não poderá ser estudada isoladamente,como acreditava Malinowski e a maioria dos antropólogos americanos.” (p.70)

Ao investigar o sistema de parentesco, Radcliffe-Brown concentrou-se em dois dos seus aspectos: (1) os usos que governam as relações entre parentes;e (2) os termos usados para se dirigir a parentes ou fazer-lhes referência.” (p.75)

O eixo central do sistema de parentesco era a família – uma noção que Radcliffe – Brown tomou de Westermarck.” (p.76)

A abordagem desenvolvida por Radcliffe – Brown contrastou nitidamente com o método clássico, no qual as terminologias de parentescos eram encaradas como fósseis, pertencendo a um sistema desaparecido do parentesco.” (p.76)

Esse tipo de explicação foi frequentemente invocado por Malinowski e passou a ser conhecida como hipótese “extensionista”, porquanto se desenvolve das relações dentro da família para relações com os parentes mais distantes, e pressupõe que, à medida que a criança vai crescendo, ela amplia realmente os sentimentos que contraiu por seus pais aos siblings deles.” (p.78)

Radcliffe-Brown adotou posteriormente um diferente método.Em vez de argumentar em termos de extensão dos sentimentos, colocou o problema- e, mais genericamente, toda questão das relações de “gracejo” – no contexto das possíveis formas de “aliança”.” (p.78)

Foi assinalo que, embora não cite Freud, a teoria das relações de gracejo é coerente com a famosa teoria de Freud sobre o chiste.” (p.80)

A primeira objeção de Radcliffe-Brown era que os etnólogos formulavam suas teses a partir de provas inadequadas. Não eram estreitamente historiadores, visto que as sociedades de que se ocupavam careciam de consciência histórica, e a história delas não era documentada.” (p.80)

Argumentou que a nova Sociologia deveria manter um relacionamento cauteloso mas cordial com a Psicologia.” (p.81)

Em contrate, Radcliffe-Brown compartilhou sempre do ponto de vista de Durkheim e Roscoe Poud, um ponto de vista relacionado”não com as funções biológicas mas com funções sociais, não com o ‘indivíduo’ biológico abstrato mas com ‘pessoas’ concretas de uma sociedade.Isso não pode expressar-se em termos de cultura. Com efeito, ele deveria ter mais tarde:”Com efeito, ele escreveria oponente sistemático do funcionalismo de Malinowski, posso ser chamado de antifuncionalista.” (p.82)


KUPER, Adam. Antropólogos e Antropologia. Tradução de Álvaro Cabral.Rio de Janeiro,F.Alves, 1978.




COMPLEMENTO AO FICHAMENTO


        Para Radcliffe- Brown, a diferenciação entre estrutura e organismo sociais é que enquanto o primeiro é um encadeamento de relações sócias onde o individuo relaciona-se com o todo, o segundo é a centralização dos próprios indivíduos. Ele compara em seus estudos a sociedade e suas relações com os funcionalismos biológicos, não literalmente, mas como um modelo, por isso é denominado de funcionalista. Mesmo às vezes negando Durkheim, apesar da incrível influência do mesmo em seus trabalhos. Ele procurou tirar o rotulo dado por inúmeros intelectuais da antropologia onde dizem a mesma ser uma ciência que estuda a cultura. Para Brown, o estudo das estruturas e das funcionalidades da sociedade é a verdadeira roupagem da antropologia.

CONCEITO DE INSTITUIÇÃO SEGUNDO MALINOWSKI


Para explicar o conceito de instituição para Malinowski temos primeiro que saber o que ele entende por cultura. Para Malinowski a cultura é um conjunto de características peculiares ou não a uma determinada sociedade, melhor dizendo é um todo integrado de partes que se associam e se completam para a manutenção ou mesmo a existência do todo.
Malinowski achou que conceituar instituição era parte fundamental da sua teoria, pois é a partir dessa delimitação que o olhar do etnógrafo pode ter uma orientação mais precisa o que torna a pesquisa mais eficaz.
(...) instituição é sempre uma unidade multidimensional [...]ela compreende uma constituição ou código que consiste no sistema de valores em vista dos quais os seres humanos se associam ;isto é , corresponde a ideia da instituição tal como é concebida pelos membros da própria sociedade .” Pp XVI, Malinowski 1978,Vida e Obra.
As instituições analisadas através das ações dos integrantes dessas sociedades nos revelaria a lógica social. “A instituição aparece pois como uma projeção parcial a totalidade da cultura não como um de seus aspectos ou partes.” Pp XVII. A instituição engloba diferentes dimensões da cultura que se integram, por isso ele a usa como referencia para sua investigação.
Fazendo outra analogia é como se escolhêssemos um sistema orgânico para estudar (como o sistema digestivo) e percebêssemos que ele tem sim sua função especifica, todavia depende do bom funcionamento dos outros sistemas e que todos eles cooperam para manter o indivíduo vivo.
Um grande exemplo do que é instituição para ele é a sua própria descrição do kula: “O kula é uma ampla rede de relações sociais e influencias cultural e que não pode ser considerado um fenômeno efêmero, ao contrario ele se enraizou nas tradições destes nativos”.

CONCEITOS DE FUNCIONALISMO SEGUNDO MALINOWSKI


Para Malinowski a sociedade tinha como função principal a satisfação das necessidades básicas, biológicas e psicológicas, (Teoria das necessidades) do ser humano. Contudo o individuo era o fundamento da sociedade. Para ele a análise funcionalista envolve à afirmação dogmática da integração funcional de toda sociedade onde cada parte tem uma função especifica a desempenhar no todo, ou seja, a sociedade é um todo coerente constituído de partes ,onde cada parte está em integração com as outras partes e mais além cada uma tem a sua função mantedora da necessidade que ela satisfaz e cada função ajuda na coerência do todo.
o indivíduo tem agencia no sentido de que ele é um criador da sociedade” (Pp58. Historia da antropologia, 2010)
Malinowski sofre grande influencia da psicologia experimental de Wilhelm Wundt, quando explica que as forças internas ou psicológicas são analiticamente mais importantes do que as forças externas. A função social é sempre manter a estrutura social coercitivamente.
As instituições existiam para as pessoas não o contrario, e eram as necessidades das pessoas, em ultima análise suas necessidades biológicas, que constituíam o motor primeiro da estabilidade social e da mudança” (Pp57).
cultura é um ambiente secundário e artificial formado por diversas estruturas organizacionais independentes criadas pelo ser humano com o intuito de satisfazer todas as necessidades básicas dos membros da comunidade que a criou. Ela deve ser tratada como um todo integrado e coerente repleto de costumes perfeitamente elaborados e cheios de significado.”( autor desconhecido)

A PESQUISA DE CAMPO






MALINOWSKI
            

Considerado um dos pais da pesquisa de campo porque rompe com o método evolucionista também chamado de comparativo e com a “antropologia de gabinete” na qual os pesquisadores baseavam –se nos relatos de viajantes,tradutores e outros mediadores para fazer suas análise a respeito das sociedades primitivas estudadas.
Malinowski vai a campo realmente inaugurando a pesquisa participante ,ou seja, o próprio pesquisador vai viver na sociedade primitiva e coletar os dados que necessita direto da fonte sem necessidade de intermediários ,ou seja, surge os diários de campo para auxiliar os pesquisadores nessa tarefa.
Malinowski esteve entre os Mailu durante seis meses e antes de embarcar para as Ilhas Trobriands na Nova Guiné a 16.000KM de Londres, em Julho de 1915, parou na Austrália para analisar os dados já coletados. Tal material analisado foi enviado à Inglaterra e logo publicado, deixando a Inglaterra ciente da inovação técnica do trabalho de campo desenvolvido por ele, antes mesmo de retornar ao país. Impedido desse retorno por ser Polonês no tempo da Primeira Guerra Mundial e tendo complicações em sua estadia mal vista na Austrália, com a ajuda de Seligmam embarcou mais vez uma vez para campo, para as Ilhas Trobriands, onde permaneceu até Maio de 1916.
Mais tarde, em Outubro de 1917 retornou uma vez mais às Ilhas Trobriands para então escrever a primeira monografia: Argonautas do Pacífico Ocidental, em Tenerife, já ameaçado pela tuberculose. Só retornou à Inglaterra em 1921.
Nos estudos sobre os Papua Melanésios da Nova Guiné , as populações costreiras das ilhas do sul do Pacifíco tidos como exímios navegadores , o objetivo central de sua pesquisa era descrever a instituição do kula.
O kula era uma forma de troca intertribal,por mar, praticado por comunidades localizadas num extenso circuito de ilhas que formam um circuito fechado.No sentido horário circulam os soulava(colares de concha) e no anti horário os mwali(braceletes) objetos que circulam permanentemente e que possui uma regra básica:”uma vez no kula, sempre no kula” ,isso é, parcerias formalizadas e duradoras.


RADCLIFFE-BROWN



Sua pesquisa entre os Ilhéus do arquipélago Andaman da Birmânia, entre 1906 e 1908, como estudante do fundo Anthony Wilkin em Etnologia da Universidade de Cambridge da Grã-Bretanha. Tendo como objectivo ser membro do Trinity College da Universidade, para se graduar em Etnologia, com a colaboração do então Doutor em Etnologia (anteriormente fora biólogo), Alfred Cort Haddon (1855-1940), leitor na Universidade de Cambridge e membro da Faculdade Christ’s College desde 1900, e de William Halse Rivers Rivers, da Faculdade St John’s College.
Estudou os Andaman na época em que Etnólogos e Arqueólogos analisavam as suas instituições e costumes. Não foi em vão que William Rivers organizara uma expedição ao Estreito de Torres que é uma larga savana de água, entre a Australia e as Ilhas Melanésicas ou Melanesian island de Nova Guiné. Com um comprimento de 150 km (quase 93 milhas marítimas), limita, ao Sul, com a Cape York Peninsula, o extremo mais ao norte continental do Estado Australiano de Queensland. Ao norte o seu limite é Western Province do Estado Independente de Papua Nova Guiné. Sítio do estudo de Radcliffe Brown, por iniciativa de Haddon, para estudar as instituições e a sua gestão. Rivers era necessário por causa de ser psicanalista, Seligaman, patologista, um professor primário para entender como eram ensinadas as crianças, Sidney Ray e o jovem estudante de 1890, Anthony Wilkin, para fotografar espécies raras. Esta viagem ao Estreito de Torres marcou uma ponta de revolução na ciência antropológica. Era a primeira vez que académicos iam ao terreno. O que pensavam encontrar, não existia. Era bem mais complicado: formas de matrimónio, significado de palavras, compromissos, organização social e outras funções de interacção bem mais complexas do que era esperado. Motivo que animou Radcliffe-Brown a estudar as funções sociais que eles não conseguiram entender com o seu saber ocidental.





quarta-feira, 2 de maio de 2012

BIBLIOGRAFIA


BIBLIOGRAFIA DE MALINOWSKI



MALINOWSKI, Bronislaw. The Family Among the Australian Aborigenes. London: London Univ. Press, 1913.
Introdução J. A. Barnes
Escrito em inglês.









 





MALINOWSKI, Bronislaw.The natives of Mailu. Adelaide: Trans, of the R. Soc. Of S. Australia, 1915.
Escrito em inglês.


 MALINOWSKI, Bronislaw. Argonauts of the Western Pacific London: Geo. Routledge and Sons; New York: E.P. Dutton and Co, 1922.Prefácio escrito por James George Frazer.
Com 5 mapas, 65 ilustrações e 2 figuras.
Dedicado ao amigo e professor
C. G. SELIGMAN.
Escrito em inglês. 





MALINOWSKI, Bronislaw . Myth in Primitive Psychology. London : Kegan Paul and Co. ; New York : W. W. Norton and Co, 1926.
Escrito em ingles.




 
 
MALINOWSKI, Bronislaw. Crime and custom in Savage Society. London : Kegan Paul and Co. ; New York : Harcourt Brace and Co, 1926.
Escrito em ingles.













MALINOWSKI, Bronislaw. The Father in Primitive Psychology. London : Kegan Paul and Co. ; New York : W. W. Norton and Co,1927.
Escrito em inglês.





MALINOWSKI, Bronislaw . Sex and Repression in Savage Society. London : Kegan Paul and Co. ; New York :Harcourt Brace and Co, 1927.
Escrito em inglês.













MALINOWSKI, Bronislaw. The Sexual Life of Savages in North-Western Melanesia . London: G. Routledge & Sons, 1929.
Prefácio por HAVELOCK ELLIS.
Escrito em inglês.













MALINOWSKI, Bronislaw. Coral Gardens and Their Magic: A Study of the Methods of Tilling the Soil and of Agricultural Rites in the Trobriand Islands .London: George Allen and Unwin,1935.
Divido em dois volumes.
Escrito em inglês.












MALINOWSKI, Bronislaw. The Foundations of Faith and Morals London : Oxford University Press, 1936.
Escrito em inglês.






MALINOWSKI, Bronislaw. A Scientific Theory of Culture and Others Essays . Chapel Hill : University of North Carolina Press,1944.
Escrito em inglês.














MALINOWSKI, Bronislaw . Freedom and Civilization. New York : Roy, 1944.
Escrito em inglês.








 MALINOWSKI, Bronislaw. The Dynamics of Culture Change: an inquiry into race relations in Africa. edited by Phyllis M. Kaberry. New Haven: Yale Univ. Press, 1945.
 Escrito em inglês.





 
MALINOWSKI, Bronislaw. Magic, Science, and Religion and other essays. New York : Doubleday & Company, 1948.
Introdução escrita por Robert Redfield.
Escrito em inglês.














BIBLIOGRAFIA DE RADCLIFFE-BROWN









RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, Structure and Function in Primitive Society. 1952.









 
RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, Sistemas políticos africanos de parentesco e casamento. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, African system of kinship and marriage. Oxford : Oxford University Press, 1970.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, A commentary on alternative generation among the Lele. In: África, 1953.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, A further note on joking relationships. In: África : journal of the International Áfrican Institute. - Vol. XIX, nº 2, 1949

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, The Andaman Islanders. 1922.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, The Social Organization of Australian Tribes. 1930.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, Method in Social Anthopology: Selected Essays. 1958.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, The Tribes of Western Austrália. In: Journal of the Royal Anthropological Institute, 1913.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, The Definition of Totemism. In: Anthropos, 1914.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, Notes on Totemism in Eastern Australia. In: Journal of the Royal Anthropological Institute, 1929.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald, A Natural Science of Society: based on a series of lectures at the University of Chicago, in: 1937. 1957.





Fonte das imagens:











http://stormblast.wordpress.com/2008/05/14/vontade-de-falar-do-the-baloma-the-spirits-of-the-dead-in-the-trobriand-islands/ (Fig. 10)