terça-feira, 15 de maio de 2012

ESTRUTURAL-FUNCIONALISMO: INSTITUIÇÃO, FUNÇÃO E ESTRUTURA SOB O OLHAR DE RADCLIFE-BROWN



                    Numa época onde o Evolucionismo e em seguida o Difusionismo eram muito bem aceitos, Radcliffe-Brown afastou-se de sua orientação difusionista, e veio a ser um crítico duro daquilo que denominou de "história conjetural" dos evolucionistas, cujo método consistia na abordagem dos costumes dos povos tomando como base simplesmente o passado sem considerar análises diretas no presente.
Brown acreditava que esse caráter historicista do método evolucionista era incapaz de possibilitar uma compreensão significativa da cultura humana, uma vez que os arranjos contemporâneos existiam porque eram funcionais no presente e não por que eram simplesmente “sobreviventes” do passado. Tanto para Brown, como para Malinowski, interessava o estudo do presente, e não havia espaço para especulações sobre "sociedades primitivas" sob o ponto de vista da evolução com o tempo.
           Radcliffe-Brown fundou uma abordagem teórica conhecida como estrutural-funcionalismo, onde cada sociedade em estudo é considerada em sua totalidade, como um organismo cujas partes cooperam umas com as outras segundo certa ordem social. Fortemente influenciado por Durkheim, Brown preocupava-se com a descoberta de princípios comuns entre as diversas estruturas sociais, o significado dos rituais e mitos e suas funções exercidas na manutenção da sociedade, considerando que esse sistema incorpora a sociedade pela convergência dos interesses e sentimentos, sendo necessário saber como se ordenam e limitam-se os conflitos que são sempre possíveis resultantes das divergências.
                 Incorporando definitivamente a sociologia durkheimiana à sua maneira de pensar a Antropologia, Radcliffe-Brown utiliza-se de dois conceitos básicos: significado e função social. Para Brown, ao tentar compreender um determinado ritual é necessário, inicialmente, encontrar seu significado, isto é, os sentimentos que ele expressa e as razões que os nativos apontam, para em seguida identificar sua função social, ou seja, a contribuição que tal fenômeno provê a um sistema maior do que aquele ao qual o fenômeno faz parte assegurando a coesão social necessária para a existência do grupo.
              Para Radcliffe-Brown, a atuação dos indivíduos é regulada de acordo com as necessidades da sociedade; tal mobilização é gerada através de sentimentos, que são desenvolvidos e expressos no indivíduo pela ação da sociedade sobre eles. Assim, a sociedade se mantem coesa por força de uma estrutura de normas morais que regulam o comportamento independente dos indivíduos que as reproduzem. Estas normas e regras atuam então como uma espécie de “consciência coletiva”. Desse modo, pode-se dizer que, para Brown, o indivíduo submete-se aos propósitos da sociedade e é o seu produto, ou seja, os indivíduos são apenas a expressão da estrutura social. Aí se encontra a grande diferença que o separa de Malinowski, apesar de compartilharem princípios funcionalistas, por assim dizer. Enquanto Brown considera os princípios da estrutura social e os mecanismos de integração social algo mais revelante, Malinowski detêm-se nas motivações humanas e define a função dos elementos culturais segundo as necessidades biológicas do indivíduo.

Bibliografia.

Thomas Ford Hoult, Dicionário de Sociologia Moderna, p. 139. 1969.
R. Radcliffe-Brown, em Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento, [1950].
ERIKSEN, Thomas .H. & Nielsen, Finn S. História da Antropologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007
LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. [1988]

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