Numa
época onde o Evolucionismo e em seguida o Difusionismo eram muito
bem aceitos, Radcliffe-Brown afastou-se de sua orientação
difusionista, e veio a ser um crítico duro daquilo que denominou de
"história conjetural" dos evolucionistas, cujo método
consistia na abordagem dos costumes dos povos tomando como base
simplesmente o passado sem considerar análises diretas no presente.
Brown
acreditava que esse caráter historicista do método evolucionista
era incapaz de possibilitar uma compreensão significativa da cultura
humana, uma vez que os arranjos contemporâneos existiam porque eram
funcionais no presente e não por que eram simplesmente
“sobreviventes” do passado. Tanto para Brown, como para
Malinowski, interessava o estudo do presente, e não havia espaço
para especulações sobre "sociedades primitivas" sob o
ponto de vista da evolução com o tempo.
Radcliffe-Brown
fundou uma abordagem teórica conhecida como
estrutural-funcionalismo,
onde cada sociedade em estudo é considerada em sua totalidade, como
um organismo cujas partes cooperam umas com as outras segundo certa
ordem social. Fortemente influenciado por Durkheim, Brown
preocupava-se com a descoberta de princípios comuns entre as
diversas estruturas sociais, o significado dos rituais e mitos e suas
funções exercidas na manutenção da sociedade, considerando que
esse sistema incorpora a sociedade pela convergência dos interesses
e sentimentos, sendo necessário saber como se ordenam e limitam-se
os conflitos que são sempre possíveis resultantes das divergências.
Incorporando
definitivamente a sociologia durkheimiana à sua maneira de pensar a
Antropologia, Radcliffe-Brown utiliza-se de dois conceitos básicos:
significado e função social. Para Brown, ao tentar compreender um
determinado ritual é necessário, inicialmente, encontrar seu
significado, isto é, os sentimentos que ele expressa e as razões
que os nativos apontam, para em seguida identificar sua função
social, ou seja, a contribuição
que tal fenômeno provê a um sistema maior do que aquele ao qual o
fenômeno faz parte assegurando
a coesão social necessária para a existência do grupo.
Para
Radcliffe-Brown, a atuação dos indivíduos é regulada de acordo
com as necessidades da sociedade; tal mobilização é gerada através
de sentimentos, que são desenvolvidos e expressos no indivíduo pela
ação da sociedade sobre eles. Assim, a sociedade se mantem coesa
por força de uma estrutura de normas morais que regulam o
comportamento independente dos indivíduos que as reproduzem. Estas
normas e regras atuam então como uma espécie de “consciência
coletiva”. Desse modo, pode-se dizer que, para Brown, o indivíduo
submete-se aos propósitos da sociedade e é o seu produto, ou seja,
os indivíduos são apenas a expressão da estrutura social. Aí se
encontra a grande diferença que o separa de Malinowski, apesar de
compartilharem princípios funcionalistas, por assim dizer. Enquanto
Brown considera os princípios da estrutura social e os mecanismos de
integração social algo mais revelante, Malinowski detêm-se nas
motivações humanas e define a função dos elementos culturais
segundo as necessidades biológicas do indivíduo.
Bibliografia.
Thomas
Ford Hoult, Dicionário de Sociologia Moderna, p. 139. 1969.
R.
Radcliffe-Brown, em Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e
Casamento, [1950].
ERIKSEN,
Thomas .H. & Nielsen, Finn S. História da Antropologia.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2007
LAPLANTINE,
F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. [1988]
Nenhum comentário:
Postar um comentário